sábado, 28 de novembro de 2009

Campanha Eleitoral

Maviael Melo é artista de primeira.
Toca, canta e compõe com personalidade e originalidade.
Assisti ontem ao video abaixo.
Recordei-me das rodas de violão regadas a cachaça e cantoria que costumávamos fazer quando eu ainda habitava a terrinha.
O cordel abaixo, reza a lenda, foi escrito para aquele senhor da cabeça branca que dá nome a boa parte dos municípios, escolas e avenidas da terra do acarajé.
Vale a pena conferir.



Maiores informações sobre o trabalho de Mavi: http://www.maviaelmelo.blogspot.com/

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

S.U.A.T.E e Agregados Futebol Clube
















Hoje, abrirei meu coração Rubro-Negro e compartilharei com vocês um dramático episódio da história do esporte preferido do brasileiro, o tal de futebol.
Uma lembrança que me entristece todas as benditas vezes que erroneamente me recordo daquele 12 de agosto de 2002.
Sem cerimônia, vamos aos fatos.
Espero que após tornar pública esta façanha a dor que punge em meu peito se vá de uma vez por todas.
O S.U.A.T.E e Agregados Futebol Clube, entidade da qual fazia parte, em sua segunda temporada, disputava o jogo que decidiria sua classificação para os playoffs do "Unebão" daquele ano.
Um empate deixaria a decisão para o terceiro e último jogo da primeira fase, o que significava vencer o "Cálculo II", time de engenharia civil.
Como todo mundo sabe, estudante de Civil só vai pra faculdade jogar bola e dominó, ou seja, os caras eram favoritíssimos.
Uma derrota nos mandaria pra casa mais cedo.
Sendo assim, só nos restava a vitória.
O jogo fatídico seria contra o "Colomy F.C.", time de Geologia.
Um adversário razoável, que com um mínimo de concentração, bateríamos facilmente.
Como de constume, nos reunimos 2 horas antes da partida no Bar do Zeco para mais uma preleção.
Diga-se de passagem, o caldo de lambreta de Zeco bate em qualquer um da nostálgica orla soteropolitana.
Lagartixa chegou trazendo Preá e Bambi.
Eu os esperava moderadamente bebendo uma água com gás.
Em seguida, Libellula, Esponja e Gazela apareceram.
Já tínhamos um time completo.
Pelo menos não seríamos eliminados do torneio como no ano anterior, perdendo por W.O, devido à insuficiência de atletas para iniciar a partida.
Pra completar a alegria da nação Suatence, Javali e Bicho da Seda, nosso comandante, chegaram.
Discutíamos a formação tática da equipe e quem iniciaría em quadra quando o "Judas", chegou.
Gambá era o torcedor número 1 da S.U.A.T.E.
Apesar de sempre mal vestido e com uma barba que deixaria Bin Laden com inveja, Gambá levava alegria e esperança aos corações do elenco Suatence.
Além do mais, o fator etílico da comemoração era prazerosamente doado, após todas as partidas, por Gambá a nós atletas.
Eis que neste dia, Gambá, no arriar das malas, sentou cuidadosamente uma garrafa de Natasha na mesa onde a preleção acontecia.
"Um golinho pra entrar em campo relaxado", foram suas palavras.
Todos se entreolharam e Javali foi o primeiro a pegar um dos copos pláticos também trazidos por Gambá.
Assim sendo, um a um começamos a degustar a maldita e ardente Natasha.
Minutos depois, Bicho da Seda já enrolava um cigarrinho de palha e passava de mão em mão para aqueles que o apreciavam.
Foi por volta das tantas doses que Lagartixa notou que a garrafa estava por acabar.
Coincidentemente, era hora de ir pro jogo.
Todos sorriam e tropeçavam.
Preá mal conseguia amarrar as chuteiras.
Libellula vestiu a camisa pelo avesso e precisou ser advertido por Juca Ferreiro, árbitro da partida, para que vestisse propriamente seu uniforme.
Eu tentava, sem sucesso, fazer com qua a trave adversária parasse de se mover.
Finalmente a partida começaria.
No gol: Lagartixa
Na defesa: Javali
Nas alas: Surubim e Preá.
No ataque: Libellula.
No ponta pé inicial sofremos o gol mais rápido da história do futebol.
Clóvis, 1,55 de altura, atacante do Colomy chutou e Lagartixa, aceitou.
O fato é que lagartixa caiu tentando se desvencilhar da rede como uma mosca de uma teia de aranhas.
Cena patética. Nosso goleiro havia se enrolado nas redes da própria trave e assim tomamos o primeiro gol da tarde.
Seria melhor se o jogo terminasse por ali.
Simplemente não tínhamos nenhuma condição de jogar futebol.
Javali só chutava o que via pela frente.
Parecia baleado, tentava acertar os adversários com a bola e ria.
Libellula começou a ser chamado pela torcida de Maradona, devido à sua saliente barriguinha e cabelos encaracolados.
Preá se esforçava para manter-se em campo.
Saiu com bola e tudo umas 900 vezes.
Não adiantava dizermos pra ele que depois da linha qua figurava na lateral da quadra o jogo não valia.
Bicho da Seda, no banco, bebia junto com Gambá a segunda garrafa de Natasha.
Gritava palavras em algum idioma pré-colombiano qua ninguém conseguia compreender.
O intervalo chegou a já perdíamos por 3 a 0.
Gambá me perguntou se eu queria que ele invadisse o campo e quebrasse os caras na porrada.
Eu desesperadamente, continuava a tentar manter a trave adversária imóvel.
No segundo tempo Javali deu lugar a Bambi.
Em sua primeira participação Bambi não vacilou.
Chutou e marcou.
Melhor seria se ele tivesse chutado para o gol do inimigo.
O infeliz ainda correu para comemorar, até perceber que Preá o perseguia com cara de poucos amigos e a garrafa vazia de Natasha na mão.
A essa altura, tínhamos apenas uma esperança: Esponja.
Olhei para o banco em busca do atleta para introduzí-lo no jogo e não o encontrei.
Minutos depois vejo Esponja descendo as arquibancadas cambaleante com a terceira garrafa de Natasha na mão.
Estávamos definitivamente perdidos.
Pra completar, na formação de uma barreira com Preá, caí no chão e ralei o joelho.
Agora me rastejava em quadra.
Javali voltou ao jogo e acertou uma bolada em alguém.
No juíz.
Juca Ferreiro viu estrelas e quando voltou a si simplesmente expulsou de campo nosso atleta.
Libellula agora conversava com o goleiro adversário enquanto rolava a partida.
Descobriram que tinham sido colegas de escola no jardim de infância.
Preá continuava ininterruptamente saindo com bola e tudo pela lateral.
Eu mancava e Lagartixa, no gol, só sofria.
Faltando 5 minutos para o fim do jogo Gambá entrou em campo e deu uma gravata no juíz por marcar uma falta de Libellula.
Ele tinha apenas socado o goleiro fora do lance pois em sua conversa descobriu que Diógenes, o arqueiro inimigo, já havia traçado sua irmã.
Foi o suficiente.
O jogo, para nossa sorte, se é que posso dizer isso, foi encerrado ali.
9 a 0.
Javali foi no carro e trouxe uma garrafa de Red Label que havia comprado antes do jogo para dar de presente de casamento a um amigo.
"Vamo beber pra esquecer", foram as últimas palavras das quais me recordo daquele fatídico 12 de agosto de 2002.
Todo o time foi encontrado na manhã seguinte no mercado do peixe em uma roda de samba.
Eram 6 da manhã e ninguém tinha condições de dirigir nem dinheiro pra ir pra casa.
Abri a carteira, saquei meu talão de vale-transportes e comecei a distribuir.
Essa foi a última aparição do lendário e idolatrado S.U.A.T.E e Agregados Futebol Clube nas quadras.
A fauna que compunha a equipe resolveu investir em outros campos.
Felizmente todo mundo se encontrou e vive bem, apesar da dependência alcoólica permanecer presente em suas vidas.
Surubim, que os fala e relata, faz blog e conta história.
P.S: Havia um Japonês pequeno e esquisito que também acompanhava todas as nossas partidas.
O filho da mãe só ria e gritava.
Reza a lenda que ele era ninja e segurança disfarçado de Gambá.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Saudade da Bahia

Caymmi descreve sem titubear o sentimento desse baiano há dois anos longe de casa.
Saudade da água quente do mar da terrinha.
Do acarajé.
Do vatapá.
Da cervejinha com os botões da camisa abertos depois da sexta-feira estressante.
Dos amigos sempre por perto.
Do almoço de domingo na casa da Avó.
De picolé na praia.
De ir pra rua de chinelo.
De banho de piscina.
Daquele feijão da Mamãe, requentado do almoço que na janta parece que ficou até mais gostoso.
Do bom e velho Monumental de Canabrava, vulgo Manoel Barradas.
Do povo feliz.
Da família que é tudo e mais um pouco!
Fiz aniversário de Irlanda essa semana, dois anos inteirinhos aqui em Dublin.
Como diria minha Mãe, "Quando estiver desocupado abra um mapa, veja a distância daí pra cá e me explique o que é que você tá fazendo aí!".
Hoje eu abri o mapa.
É longe de doer.
Mas ainda aguento esse ar frio aqui da Irlanda mais um pouquinho.
Tenho certeza que será bom pros meus pulmões.