domingo, 27 de julho de 2008

O Homem das Cuecas Coloridas

O despertador o acordou às 6 horas.
Era o início de mais um dia.
Chegou a pegar a cueca amarela, mas resolveu vestir a laranja.
Sem porque.
Um café preto para livrar-se de qualquer resquício de sono e 10 minutos de caminhada até o ponto de ônibus mais próximo.
O dia passou como todo dia.
Hora após hora.
Como sempre, suas mãos doiam, suas pernas também.
Aquela era uma sexta-feira, e Antônio permitiu-se uma dose.

Ela vestia vermelho.
Andava tão graciosamente que parecia flutuar.
Quando seus olhares se cruzaram tudo estacionou.
Os sorrisos encaixaram-se perfeitamente.
Na manhã seguinte Antônio vestia sua cueca vermelha.
Na seguinte, a verde.
A paixão tornava-se a cada dia mais intensa.

Em algumas semanas, Isabela já havia se mudado para a casa de Antônio.
Agora limpa. Arrumada.
Ele comia melhor.

Saiu para trabalhar como o fazia todos dias.
Mas a vida se mostrava menos amarga.
Vestiu sua cueca azul naquela manhã.
Contava os minutos para estar de volta e encontrar à amada.
A dor se esvaia diante da vontade de retornar à morada.

Ao chegar ao lar, uma infeliz surpresa.
O pacote de cuecas pretas voou pela janela antes de qualquer coisa ser dita.
Uma ofensa.
Isabela não teve a chance de explicar-se.

O amor acabou.
O romance acabou.
A mudança acabou.
Tudo acabou.

A vida seguiu amarga.
E as cuecas, coloridas.

Um comentário:

Marcela Oliva disse...

Tico,

descobri seu blog navegando pela web! Bom ter notícias suas por aqui!!!

Que bom saber que está feliz também!!!

Bjo-bjo